Desenvolver o ministério de proclamação do evangelho no campo missionário do Sertão Nordestino sempre foi um grande desafio, pois deparamo-nos com diferentes tipos de pessoas, das mais tranquilas até as mais desprovidas de algum conceito de civilidade no trato e nos relacionamentos interpessoais, principalmente quando sabem que estão dialogando com crentes, pois na cosmovisão cultural do lugar, estão conversando com pessoas que abandonaram a religião verdadeira.
Esses encontros sempre acontecem tanto na zona urbana quanto na zona rural, pois é o nosso campo missionário de atuação da Missão Alcançando o Sertão. Encontramos pessoas dóceis nos dois ambientes, e o contrário também. É fácil lidar com a aceitação simpática dos ouvintes, difícil é ter que administrar situações adversas, onde pessoas muitas vezes batem as portas de suas casas para nós, mesmo a gente sabendo que elas não estavam nos rejeitando, mas dizendo não ao próprio Jesus Cristo. Nas nossas andanças pelo Sertão Nordestino já nos deparamos com situações bem complicadas, tais como: ser convidado a retirar-se da casa, ser expulso com grosseria e ameaças, inclusive já aconteceu de sermos ameaçados com agressões e faca em punho.
Uma dessas experiências aconteceu numa comunidade rural onde temos desenvolvido atividades evangelísticas. Esta comunidade é um lugar isolado onde residem várias famílias. Por ocasião da nossa Escola de Missões do Sertão, chegamos com um grupo de voluntários de São Paulo e começamos a fazer os contatos pessoais com os moradores daquele lugar. Muitas casas foram abertas para a mensagem e os mensageiros. No entanto, uma das famílias sempre rejeitou as nossas visitas, jamais querendo qualquer diálogo conosco, muito menos ouvir a mensagem do evangelho, persistindo com a resistência e rejeição.
Uma parte da nossa equipe até tentou desenvolver um contato com um dos membros daquela família enquanto ele queimava *xique-xique no pátio da casa para alimentar o gado, prática esta muito corriqueira em períodos de seca no Sertão Nordestino. Em dado momento ficamos receosos pela nossa integridade física, pois a rejeição daquele homem era tamanha, que aparentava que ele iria investir fisicamente contra nós com uma foice que estava à suas mãos. Após a tentativa de um diálogo sem sucesso, resolvemos sair daquele lugar antes que algo grave nos acontecesse.
A outra parte da equipe que tinha adentrado a casa daquele senhor também não foi bem recepcionada. Em determinado momento em que era ministrada uma palavra para uma senhora daquela família, esta mulher pediu que terminássemos logo, deixando claro, que não éramos bem-vindos na sua casa.
Mesmo com toda a resistência e indelicadeza daquelas pessoas, saímos de lá com a sensação de que fizemos a nossa parte como servos do Senhor. Não retribuímos o desprezo com desprezo, pelo contrário, ficamos com os nossos corações partidos em saber que Jesus e a sua mensagem não eram bem-vindos ali, conscientes que essa atitude era fruto simplesmente da alta ignorância em relação ao verdadeiro evangelho. O nosso desejo e oração é que Deus esteja trabalhando nas vidas daquela família, pois sabemos que aquela resistência é fruto de um zelo sem entendimento e ignorância religiosa. Temos a consciência que a igreja tem demorado muito a chegar nestes lugares isolados. O clamor da zona rural nordestina tem caído em ouvidos surdos e indiferentes.
Demos prosseguimento às outras visitas, onde ministramos na vida de diversas famílias sertanejas, orando, cultuando ao Senhor junto com pessoas simples e acolhedoras que nos receberam tão bem em seus lares.
A Missão Alcançando o Sertão nos mais de vinte anos de atuação na proclamação do evangelho ao povo sertanejo tem acumulado muitas experiências missionárias extraordinárias, pois os nossos passos são dirigidos pelo Espirito Santo de Deus, o Diretor da obra missionária. Sendo assim, temos visto muitas famílias resistentes como esta da nossa narrativa, confessando o nome do Senhor Jesus Cristo à medida que conhecem a Palavra de Deus.
Como diria o apóstolo Paulo: De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus. Romanos 10:17
QUEIMA DE XIQUE-XIQUE – A queima em si varia. O objetivo desse passo é retirar os espinhos da planta, os quais impossibilitam a ingestão do sodoro pelo gado. Métodos mais “modernos” usam um maçarico, mas desde sempre o processo tem seguimento com as “coivaras”, grandes fogueiras onde o sertanejo “assa” o xique-xique até que ele fique liso.
Junte-se a nós na Missão de Alcançar o Povo Sertanejo com as Boas Novas do Evangelho de Jesus!!!
Pr. Silvany Luiz