“Pereça o dia em que nasci, e a noite em que se disse: Foi concebido um homem!” 
Jó 3.3

Foi esta a forte exclamação de Jó, após ter perdido todos os bens e seus filhos, e se vê coberto de feridas. Sucumbiu ao peso do sofrimento, amaldiçoando o dia do seu nascimento e a noite da sua concepção. O livro de Jó revela a profunda percepção que Deus tem do sofrimento humano. Jó representa a multidão de pessoas que, em nosso mundo dilacerado pela pobreza e pela miséria, teriam as mesmas razões para amaldiçoar a desgraça de terem nascido.

O sofrimento humano sempre será uma grande pedra pesada e difícil de ser carregada. No entanto, ele tem um significado, um motivo, pois caso contrário o próprio Deus não o teria assumido quando encarnou como o Messias na pessoa de Jesus Cristo. O sofrimento não teria sentido algum se o Senhor não tivesse provado dele na sua mais alta intensidade. Olha que profundo: O Senhor quando participou do sofrimento humano, colocou a sua misericórdia, força transformadora e presença maravilhosa para nos auxiliar a suportarmos todo e qualquer sofrimento.

O sofrimento de Jó é como um protótipo do sofrimento do Cordeiro de Deus, do Senhor Jesus Cristo, o servo sofredor, que carregou sobre si mesmo a carga de todo o sofrimento humano, e deu novo sentido a existência.

Jó amaldiçoou o dia do seu nascimento e a noite da sua concepção. Com a chegada de Cristo, mudam os rumos. Seu nascimento é apresentado como a boa notícia, a esperança da salvação acompanha a sua concepção. Os anjos anunciam o evangelho da vida, que já fora precedido pelo alegre anúncio angelical abrindo caminho para a concepção humana de Jesus no seio de Maria: “alegra-te, Maria, cheia de graça!”.

No meio de um mundo marcado pela dor e grande sofrimento, Deus vem recolocar a força do seu projeto de vida e redenção, expressão mais alta da sua própria existência, partilhada generosamente com aqueles que Ele chama à comunhão do seu mistério.

E com isto, se sinaliza os novos parâmetros orientadores da existência humana: toda a concepção precisa ser fruto do amor, todo o nascimento precisa ser acolhido com alegria, toda vida precisa de condições para se realizar. O discurso de Jó agora poderia ser substituído por gratidão, o dia do nascimento agora seria comemorado e não mais lamentado.

Que as pessoas sejam revestidas e impregnadas do amor sincero e verdadeiro que brota da fonte do Criador, que foi manifestado na pessoa de Jesus Cristo, o salvador, que se entregou como prova do amor de Deus pela humanidade. Que a sociedade seja uma expressão do amor de Deus e defensora da vida humana como projeto de Deus. Que cada pessoa experimente a vida abundante proporcionada por Jesus Cristo. João 10.10 “…eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância.”