O SILÊNCIO DAS LÁGRIMAS
Minhas lágrimas têm sido o meu alimento de dia e de noite, pois me perguntam o tempo todo: “Onde está o seu Deus?”
Salmos 42:3
Há momentos em que a alma, transbordando de angústia, se perde nas trilhas do silêncio. A dor, profunda e imensa, escorre de nossos olhos em lágrimas silenciosas, como rios que carregam consigo as fragilidades da existência. Mas, paradoxalmente, é no silêncio das lágrimas que se ouve a voz de Deus, suave e doce, como a brisa que acaricia o rosto ao fim de uma tempestade.
As lágrimas são como poemas não ditos, escritas no coração e expressas na face. Elas falam de dores que as palavras não conseguem alcançar, de esperanças que os ventos da vida parecem querer apagar. No entanto, mesmo nas horas mais sombrias, Deus não nos deixa. Ele vê cada lágrima, cada suspiro, cada gesto de fragilidade. A Sua presença é mais que um refúgio; é um abraço caloroso que nos envolve, mesmo quando não encontramos forças para levantar a cabeça.
Lágrimas não são sinal de fraqueza, mas de humanidade. Elas são a expressão de uma jornada que exige coragem para enfrentar seus próprios medos, para admitir que, às vezes, não somos fortes o suficiente para continuar sozinhos. E, então, quando a dor parece ser demais, o Senhor, em Sua infinita misericórdia, nos oferece Seu ombro, nos chama a confiar em Sua soberania. Ele é o farol nas noites escuras e a esperança quando tudo ao nosso redor parece desmoronar.
E, no silêncio das lágrimas, nasce a oração. Porque, no momento em que nossas palavras falham, a alma clama. O Senhor se aproxima de nós, não para corrigir ou julgar, mas para curar. Ele ouve o clamor silencioso, aquele que é entoado pelo coração quebrantado. Ele entende os anseios profundos da alma, porque Ele é o autor do nosso ser, o criador que conhece as necessidades mais íntimas, as dores mais secretas.
Portanto, ao se deparar com o peso da dor, não esconda suas lágrimas, mas apresente-as a Deus. Deixe que Ele as transforme em oração, em uma confissão de fé e confiança. Cada lágrima é uma semente plantada nos jardins de Sua graça, que, no tempo devido, florescerá em paz, consolo e esperança. Quem chora aos pés do Senhor nunca se vê abandonado. E, no final, a dor se tornará testemunho de Sua fidelidade.
Deixe que as lágrimas falem. E, em meio ao choro, que você sinta o abraço silencioso do Senhor, que faz da dor um altar, onde a esperança se renova e a alma se rende à Sua presença transformadora.
Silvany Luiz